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Quem me conhece sabe que ando sempre com um livro dentro da carteira, na possibilidade de ter alguns minutos livres. Então quando tenho de ir a um consultório, um livro é indispensável.

Cheguei cedo. estacionei o carro. Fiz o check-in. Sentei-me na sala de espera. Abro a carteira (que ultimamente parece mais a gruta do Ali Babá). Retiro o livro e passadas algumas páginas, sinto suores frios e estranhamente nervosa. Olho em redor, mas ninguém está a ver o que eu vejo.
Passam-se mais alguns instantes e tenho mesmo de pousar a minha leitura e ir beber um pouco de água para me acalmar.

Esta foi a razão do meu ligeiro ataque de pânico:



"Toda a gente sabe que os livros devoram espaço sem qualquer piedade. E não existe defesa possível. Qualquer que seja o espaço que se lhes dê, nunca lhes chega. Ocupam primeiro as paredes, e depois continuam a espalhar-se por onde conseguirem. Apenas o tecto fica poupado. Chegam sempre uns novos, enquanto o dono não tem coração para se livrar de nenhum dos velhos. E assim, devagar, sem dar nas vistas, volumes de livros empurram tudo à sua frente. Como glaciares."

Excerto do conto "A biblioteca particular" de Zoran Zivkovic



Digam lá se não é assustadoramente verídico?

2 comentários

Talita disse...

Assustadoramente verídico!

Inês Santos disse...

é bom saber que nao sou so eu que essa mania do livro dentro da carteira...

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