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Sinopse:
Em Cambridge, uma criança foi violentamente assassinada e outras crianças desapareceram. Os judeus, bodes expiatórios do clero cristão todo-poderoso, foram forçados a esconder-se no castelo para evitar a matança por parte dos revoltados habitantes da cidade. Henry, o rei da Inglaterra, não está satisfeito. Os judeus representam grande parte do seu provento e o verdadeiro assassino tem de ser encontrado, e rapidamente. Um investigador famoso, Simon de Nápoles, é recrutado e chega à cidade vindo do continente acompanhado de um árabe e de uma jovem, Adelia Aguilar. Há poucas médicas na Europa do século XII, mas Adelia é uma delas, tendo frequentado a grande Escola de Medicina de Salerno. Além disso, a sua especialidade é o estudo de cadáveres; ela é, de facto, uma mestra da arte da morte, uma capacidade que deve ser escondida pois pode levar a jovem a ser acusada de bruxaria. A investigação de Adelia leva-a a Cambridge, aos seus castelos e conventos, e, numa cidade medieval cheia de vida, ela faz amigos e até se apaixona. Fatalmente, atrai a atenção de um assassino que está preparado para matar mais uma vez.


A minha opinião:
Mais um livro que saltou da estante, onde estava a ganhar pó à algum tempo, para a minha mesa de cabeceira.

Cambridge, ano de 1170, altura da Páscoa. Um condado pacato, onde a vida se concretiza no arrastar lento de dias, sem grandes emoções ou confusões. Até ao dia em que um menino é encontrado morto no fundo do rio que atravessa Cambridge.

As pessoas que vêem o pobre corpinho de Pedro de Trumpington juram que ele tinha marcas de crucificação, ao que se juntam outros testemunhos de pessoas que juram terem visto uma cruz pendurada na casa do mais importante e influente judeu de Cambridge, e isto tudo enquanto nesta mesma casa se celebrava um casamento.
As suspeitas são muitas e as dúvidas ainda são mais, uma vez que estamos em pleno século XII, as mentes são pouco iluminadas e as testemunhas são pessoas simples, camponeses, cuja instrução e educação é nula.
Este trágico acontecimento leva à revolta da população que assassina o dono da casa onde a cruz foi vista e a sua esposa, e leva a que todos os judeus de Cambridge se refugiem no castelo.

Um ano passa e mais crianças começam outra vez a desaparecer, sem testemunhas ou pistas.
Apesar do povo judeu ainda se encontrar confinado às paredes do castelo, são eles o bode espiatório, colocando o xerife do condado numa posição ingrata uma vez que é ele que está a abrigar os judeus e os restantes habitantes exigem um linchamento conjunto a todos os assassinos.

Ao rei de Inglaterra Inglaterra, Henrique II, que ainda está fragilizado com a confusão política e religiosa que levou ao assassínio de Thomas Beckett (ver aqui), toda esta situação caótica é profundamente enervante e exige uma solução rápida e eficaz. Não tanto pela justiça, mas mais porque o povo judeu são quem emprestam dinheiro aos mais necessitados e nesses empréstimos recaem impostos que constituem uma importante fonte de rendimento do rei.
Assim, Henrique II escreve ao seu primo, o rei de Nápoles um pedido de ajuda. Nápoles envia um homem que reserva algumas surpresas e que será acompanhado por "(...) uma pessoa entendida nas causas da morte." - retirado da página 22. Onde mais ir buscar tal pessoa sem ser em Salerno? Capital mundial dos avanços na Medicina.
Assim, Salerno envia a pessoa mais especializada nesse campo, o problema é que é... uma mulher.

Numa Inglaterra retrógrada onde o preconceito é lei, e em que uma mulher é facilmente acusada de bruxaria, Adelia Aguilar, terá que ser muito subtil, quase transparente nos seus actos e intenções.

Este livro revela uma boa pesquisa, e a envolvência com o leitor é quase perfeita. Com um enredo bem construído e com personagem simplesmente deliciosas que me ficarão na memória, este é um livro que vale a pena comprar e passar umas boas horas onde o prazer de ler é garantido!
7,5/10
Lido em Agosto de 2010
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