"A senhora do manto azul" liga três histórias aparentemente separadas no tempo e no espaço.
As personagens de cada uma destas histórias não se conhecem, mas até ao fim do livro algumas delas descobrirão qual é fio que as une.
O protagonista da primeira história é o padre Giuseppe Baldi, um cientista e musicólogo cujo ego enorme, há 19 anos atrás, fez com que revelasse a um jornalista o seu segredo mais obscuro - que há quase uma década trabalhava num engenho que permitia obter imagens e sons do passado (Cronovisão).
Baldi ainda cometeu mais um erro grave ao desvendar que se tratava de um projecto de grande envergadura, em que trabalhava um grupo de 12 físicos estrangeiros e que contava com a aprovação da Santa Sé.
Tal erro volta para assombrar Baldi, quando recebe a visita aparentemente cordial de um jornalista que depois de alguma conversa inocente o questiona sobre o seu envolvimento no estudo da Cronovisão.
Baldi assusta-se, mas não é rápido o suficiente para que a poeira que já foi levantada por outras entidades se acalme a tempo de evitar o pior.
Mal Baldi tenta falar com o seu único amigo no projecto da Cronovisão, este aparece morto.
Aparentemente tinha-se suicidado momentos antes de um encontro com Baldi. Mas este suspeita que o seu maior medo se tenha tornado realidade.
Na segunda parte da história acompanhamos Jennifer Narody.
Uma mulher atormentada por estranhas visões e sonhos que tenta descobrir o porquê da existência deles através da consulta com uma médica psiquiatra.
Mas como poderá alguma vez a doutora aliviar Jennifer do seu fardo, sem que Jen conte a sua parceria com o Ministério da Defesa dos EUA numa série de experiências com espionagens psíquicas?
Mas o que Jennifer não sabe é que a sua procura está mal direcionada. Em vez de se concentrar no seu presente, deveria ter ivestigado antes o seu passado e o passado dos seus antepassados.
O porquê de ter no seu corpo um sinal, uma marca de nascença com a configuração de uma rosa.
Na terceira parte temos uma tribo de índios Jumas, no Novo México, que muito antes do primeiro contacto com descobridores espanhóis, já estes tinham uma ânsia de serem evangelizados e diziam terem sido contactados por uma senhora de manto azul.
Mas terão estas visões sido uma aparição divina ou algo muito mais realista e com bases científicas?
Mais tarde no livro é que entendemos como é que estas 3 histórias e as suas personagens se unem numa só.
Uma intriga digna de um bom filme de conspiração e ganância junta um grupo de indivíduos que, ironicamente, se intitulam os anjos a um cientista corrupto, com a esperança de usarem a Cronovisão para alterarem o presente através de viagens ao passado, manipulando assim a História.
Com uma escrita fluida e simples e uma boa construção de personagens e trama, Javier Serra, o autor faz com que vejamos esta louca conspiração como algo verosímel e extremamente interessante.
Apesar de este tipo de livros normalmente não ser do meu agrado, fico satisfeita por ter arriscado com este e lhe ter dado uma chance.
Javier Serra, um autor que vou voltar a experimentar.