Sinopse:
Na Itália do século XVI, o jovem pintor Bernardino Luini, discípulo favorito do mestre Leonardo da Vinci, é encarregado de pintar um fresco religioso na igreja de Saronno, uma pequena localidade nas colinas da Lombardia. Ao entrar na igreja, a sua atenção é captada pela beleza e pela melancolia da jovem Simonetta, viúva de um poderoso senhor feudal morto em combate.
Sozinha e a ver a sua fortuna desaparecer até não restar nada mais a não ser as amendoeiras da sua villa, Simonetta acede a posar como modelo para Luini, que a imortalizará para sempre nos frescos da igreja como a Virgem di Saronno. À medida que o trabalho progride, artista e modelo apaixonam-se, selando o sentimento com um beijo que escandalizará a Igreja.
À genialidade com que Bernardino imortalizará a sua musa, Simonetta retribui com a criação da sua própria obra de arte: um licor especial fabricado com o fruto das suas amendoeiras. O licor ficará conhecido, até aos dias de hoje, como o famoso Amaretto di Saronno.
Contudo, antes de ambos completarem as suas obras, a relação é fortemente abalada por um acontecimento que porá em perigo aquele amor. E as suas vidas.
Uma inesquecível história de paixão e arte que se desenrola tendo como pano de fundo uma Itália Renascentista, onde a intriga, os escândalos, a guerra e a intolerância religiosa imperavam no dia-a-dia.
Obras de Bernardino Luini, aprendiz do mestre Leonardo da Vinci:
Susanna and the Elders, 1515-24
The sleeping Christ
Adoration di Magi, 1525
A minha opinião:
Simonetta era apenas uma menina quando desposou com Dom Lorenzo di Saronno, outro rapaz cuja visão do mundo ainda é muito restrita.
Quando numa batalha Dom Lorenzo é morto, o véu de engano que cobria os olhos da senhora di Saronno é levantado e ela, que sempre foi acostumada a luxos e grandezas, vê-se na mais pura miséria, com a única solução de ter de batalhar e trabalhar para comer.
A transformação que esta personagem sofreu por causa deste acontecimento trágico fez-me gostar muito mais do que estava a ler. A menina fez-se mulher para poder colocar pão na mesa.
Nesta luta desenfreada de sobrevivência, Simonetta vê-se confrontada com uma tentadora, mas inesperada, proposta - a de ser o modelo para a imagem feminina religiosa que será pintada pelo famoso Bernardino Luini nas paredes da igreja di Saronno. O que Simonetta não sabe é que este homem, conhecido como O Lobo já tem uma outra finalidade para si.
Caída em desgraça por uma série desastrosa de acontecimentos, Simonetta vê-se mais uma vez a recorrer a forças que não pensava que tinha para sobreviver, tendo a seu lado amigos que antes pensaria com desprezo. Mas a maior luta de Simonetta ainda está para vir quando um homem conhecido apenas por Selvaggio (o selvagem), decide enfrentar a senhora di Saronno destruindo todo o mundo que ela construiu com esforço.
Um livro soberbo. Nunca pensaria que em breves 284 páginas leria uma história tão completa, tão extraordinária.
Não se trata apenas de um romance, uma história de amor. Apesar da verdadeira identidade de Selvaggio ser por demais evidente, este livro não se resume a este mistério. Este livro é uma lição de vida de muitas formas. Uma delas é a (in)tolerância religiosa associada ao preconceito, numa época em que a Inquisição fazia inúmeras vítimas.
Para ler e pensar.
Numa altura em que o preço dos livros estão um absurdo, o preço deste (abaixo da média) associada à sua elevada qualidade, justifica a sua compra por homens e mulheres.
Uma excelente leitura!
8,5/10
Lido a 16 de Agosto de 2010