Dorchester, um sólido bairro operário onde não faltam bares sórdidos para beber uma cerveja, é manchado por uma série de crimes estranhamente semelhantes a outros ocorridos vinte anos antes e pelos quais um psicopata, filho de um polícia local, cumpre pena numa prisão de alta segurança.
O detective Patrick Kenzie, que nasceu e cresceu no bairro, torna-se o herói improvável desta história ao decidir, não obstante uma série de ameaças que recebe, investigar os assassínios.
A minha opinião:
Esta foi a minha primeira leitura de um livro deste autor.
Gostei da escrita, do suspense e das palpitações de antecipação que me provocou mais para o final.
O detective Patrick Kenzie e a sua sócia Angela Gennaro cresceram num bairro, de Boston, em que as ligações entre as pessoas são importantes, necessárias e mortais. São estas ligações que decidem se vives ou morres.
Tudo começa quando o detective Kenzie é contactado por Eric Gault para ajudar uma amiga, Diandra Warren, que tinha recebido uma fotografia do seu filho Jason, isto logo após um estranho pedido de ajuda da parte de uma jovem que aparentemente não existe, ou se existe, desvaneceu-se em fumo.
A partir daqui é um desvendar lento e gradual da teia que envolve esta parte da cidade. Uma teia mortal e vingativa que renasce do passado do próprio Kenzie.
Tudo se resume a: uma tentativa, mal sucedida, de rapto, quando Kenzie era apenas um miúdo, e ao que Kenzie fez após este acontecimento; uma associação de "bons cidadãos" chamada EEPA e um trio hierárquico de assassinos frios e implacáveis.
A parte do livro que mais gostei e que me ficará na memória, foi o estranho encontro de Kenzie com Hardiman, o assassino (página 183).
Excertos:
"Começou a trautear com a boca fechada e não consegui reconhecer a música até que baixou a cabeça e se ouviu o som um pouco mais alto. »Mandem vir os palhaços.»
- As outras vítimas - repeti -, por que tiveram de morrer, Alec?
- »Não é uma felicidade...»? - entoou.
- Trouxe-me até aqui por qualquer razão - disse eu.
- Não gosta...?
- Por que morreram, Alec? - perguntei.
- Um que não pára de correr... - e a voz dele era fraca e aguda. - Um que não se consegue mexer...
- Hardiman.
- Por isso mandem vir os palhaços.
Olhei para Dolquist e depois para Lief.
Hardiman abanou o dedo na minha direcção. - Não se preocupe. Já cá estão.
E riu-se. Riu-se com força, com as cordas vocais dilatadas, os olhos muito abertos fixos em mim."
Retirado da página 189
"- Interceptámos este bilhete quando Alec tentou enviá-lo a um rapaz de dezanove anos que tinha sido violado, já depois de saber que era seropositivo.
Abri-o.
A morte que trago no sangue
Te dei.
Do outro lado da sepultura
Te esperarei."
Retirado da página 194
Lido a 17 de Maio de 2008